A humanidade deu um passo crucial quando decidiu abandonar as cavernas e enfrentar a vida lá fora. Foi um ato de coragem. Apesar dos perigos, essa escolha nos lançou rumo aos rincões da Terra, abrindo caminho para descobertas, invenções e civilizações.
Mas, de tempos em tempos, por força do hábito, ou talvez pela memória gravada em nosso DNA, voltamos a nos recolher para uma espécie de caverna interior. Cada um tem a sua, um refúgio secreto, um abrigo de silêncio, um cantinho de tranquilidade. Quem dera pudéssemos permanecer ali por mais tempo, sem o peso das ameaças do mundo externo.
Porque o “fora” de hoje parece muito mais perigoso do que nos tempos das cavernas. Já não tememos dinossauros ou tigres-dente-de-sabre. O maior perigo agora somos nós mesmos. Em poucas gerações, tornamo-nos uma espécie hostil ao próprio ambiente, aos demais seres vivos e, muitas vezes, uns aos outros.
Na fotografia, estou no interior da Gruta do Jerônimo, em Uauá (BA). Minha amiga-irmã, Indira Ferreira, registrou o instante da minha meditação. Ali, envolto pela penumbra milenar da pedra, pensei, talvez seja hora de voltarmos ao nosso subconsciente ancestral e refletirmos sobre a vida. Se por quase toda a nossa história fomos capazes de viver com tão pouco, por que agora acreditamos precisar de tanto?
Texto: Robson Rodrigues
Foto: Indira Ferreira